Saudação da ART à Frente de Oposição de Esquerda ao Governo Lula-Alckmin
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Estimados camaradas, a militância da Aliança Revolucionária dos Trabalhadores (ART) congratula as organizações e os militantes independentes que tiveram a iniciativa de formar uma Frente de Oposição de Esquerda ao Governo Lula-Alckmin.
Em nosso juízo, esta frente se configura em uma necessidade imperiosa colocada pelos dias sombrios que a aguda crise do sistema capitalista impõe aos trabalhadores, em todos os rincões do mundo, a atingir em especial os setores oprimidos.
É visível a olho nu que como resposta à crise econômica mundial, a burguesia colocou em marcha a destruição de forças produtivas por duas vias clássicas que se interligam: a guerra e a destruição de meios de produção.
Por um lado, a corrida interimperialista entre a China e os EUA para domínios territoriais, tecnológicos e sobretudo, de recursos naturais, transforma os países capitalistas dependentes em plataformas bélicas, tal como ocorre neste momento com a Ucrânia, mas também com o Sudão. Por outro lado, a reconfiguração produtiva adotada pela chamada Indústria 4.0, a partir da digitalização e sensorização da produção, impulsiona e acelera a destruição de velhos meios produtivos em todo o mundo, a provocar uma nova divisão internacional do trabalho, a qual rebaixa os países latino-americanos à condição de países primário-exportadores.
É neste cenário que ocorre no Brasil a combinação de fechamentos ininterruptos de fábricas e de postos de trabalhos fabris na região Sul e Sudeste, com a aceleração da mineração legal e ilegal na Amazônia, ameaçando não apenas os povos originários, mas colocando a floresta amazônica em um ponto sem retorno.
Todas as forças políticas do capital no Brasil, sem nenhuma exceção, não atuam para mitigar a decomposição social que advém desse brutal rebaixamento produtivo do país, senão que atuam para garantir a ordem capitalista mediante a superexploração e também as melhores condições para as frações burguesas ligadas ao tripé das commodities (capital financeiro, agronegócio e mineração).
Dessa maneira, se o Governo Bolsonaro era o lacaio da fração burguesa mais lumperizada, como setores ligados ao comércio, à mineração ilegal (garimpo) e ao latifúndio explicitamente desmatador, buscando garantir o domínio dessa fração por meio de uma ditadura, o Governo Lula-Alckmin é o mais fiel serviçal do capital financeiro que investe no agronegócio e na mineração legalizada e supostamente sustentável. É isso que explica o apoio do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) a Lula.
Sem margem para concessões mínimas, inclusive daquelas que se caracterizam como programas compensatórios ao estilo do recomendado pelo Banco Mundial, o Governo Lula-Alckmin, ao passo que se reúne com sindicalistas burocratas e cria o Ministério dos Povos Originários, rifa rapidamente sua própria base social ao manter a mesma política econômica de Bolsonaro e Temer, ao reduzir gastos em áreas sociais, ao impor arrocho ao funcionalismo, ao intervir no judiciário para que mineradoras atuem em territórios indígenas, como em Autazes, no Sul do Amazonas, etc.
Diante disso, assistimos à putrefação da esquerda que capitula direta ou indiretamente ao petismo, ao passo que a extrema-direita se organiza e se coloca como a única oposição com base social real para enfrentar o Governo Lula-Alckmin. Em outras palavras, sem uma oposição de esquerda e revolucionária aos ataques do Governo Lula-Alckmin, o caminho da extrema-direita está rapidamente a ser pavimentado. Por essa razão, a formação de uma Oposição de Esquerda é uma necessidade urgente.
Ao considerar que o Partido dos Trabalhadores, (PT) seja pelo seu programa, seja pela composição de sua base e direção, não se trata de um partido operário reformista, mas sim de um partido burguês que conseguiu aglutinar as mais importantes frações e forças políticas do capital em torno de seu atual governo para atacar os trabalhadores, caracterizamos que estamos diante um típico governo burguês, perante ao qual não nos resta dúvida ou titubeio, senão as mais implacáveis denúncias e a organização da resistência por meio da ação direta da nossa classe, com greves, ocupações, piquetes, etc. Acreditamos ser essa a tarefa primeira de uma Frente de Oposição de Esquerda.
Estamos seguros que somente assim, por meio da unidade prática na ação concreta contra todas as forças políticas do capital, bem como juntamente com o balanço permanente da construção dessa unidade é que poderemos á nos legitimar para, no futuro, darmos um passo superior e também indispensável: responder qualitativamente à diáspora revolucionária no Brasil, ou seja, a construção de um partido verdadeiramente revolucionário.
Neste momento será grandioso se conseguirmos nos mover a partir do que temos em comum: lutar contra o Governo burguês de Lula-Alckmin e apresentar uma saída revolucionária para a classe trabalhadora. Em tal empreitada, contem com a aguerrida militância da ART.
Saudações revolucionárias,
Aliança Revolucionária dos Trabalhadores
Maio de 2023