Gaza – a Auschwitz do Oriente Médio – clama por socorro: todo apoio às manifestações pró-Palestina

Gaza – a Auschwitz do Oriente Médio – clama por socorro: todo apoio às manifestações pró-Palestina
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Após uma semana do levante armado do povo palestino contra todas as formas de ocupação ilegal, imoral e criminosa do Estado de Israel, o cinismo e o vitimismo hipócrita e a-histórico do sionismo, bem como todas as mentiras regurgitadas pelas bocas de seus pseudo-especialistas, em grandes canais de TV, rádios e imprensa escrita, dão lugar para a mais nua e crua realidade: Israel é um Estado colonial e assassino que usa o pretexto de combate ao terrorismo para destruir a população palestina e anexar seus territórios.

Enquanto os arautos da grande imprensa ocidental, verdadeiros mascates das fábulas sionistas, tentam enganar a humanidade sobre o suposto direito internacional e divino de Israel exercer sua autodefesa, o que saltam aos olhos da classe trabalhadora mundial e dos povos oprimidos, são cenas de um genocídio étnico exercido impiedosamente por um dos maiores exércitos do planeta contra um povo nativo, famélico, confinado em uma prisão descerrada e que desesperadamente busca alternativa para seguir a existir como povo.

São crianças mutiladas, choros de recém-nascidos sufocados em escombros, homens e mulheres decompostos por bombas, jornalistas assassinados ou desolados enquanto trabalham, equipes médicas que caminham, em exaustão, entre corpos feridos e corpos sem vida, são peregrinos de um massacre sujo que buscam refúgios enquanto do céu chove fósforo branco, arrancando-lhes o ar, tal qual uma verdadeira câmara de gás a céu aberto. Gaza – a Auschwitz do Oriente Médio – clama por socorro.
Em apenas sete dias, os ataques militares de Israel contra o povo palestino deixaram nada menos que 2.329 mortos, número superior aos mortos provocados em 50 dias de ataques sionistas, em 2014, na Faixa de Gaza.

Perante esse quadro qual é a posição e quais são as tarefas dos marxistas?

Em nosso juízo, as tarefas dos revolucionários marxistas são muitas. Mas a primeira, mas não menos importante, é restabelecer a verdade histórica. Afinal, além das armas militares, um dos principais artifícios sionistas para desmoralizar a heroica luta palestina é usar um conjunto de mentiras culturais, sociais, históricas e políticas. Vamos a elas.

A principal mentira, ou melhor, a pedra angular sob a qual se edifica toda a ideologia do colonialismo sionista é afirmar a existência de uma suposta herança cultural e genética entre os hebreus, antigos habitantes da Palestina, e os atuais grupos judeus pelo mundo. Segundo a ladainha do sionismo, essa suposta herança seria a base que legitimaria não apenas a imigração judaica de qualquer parte do mundo para a Palestina, como também justificaria a criação do Estado de Israel naquela região. Ocorre, entretanto, que essa herança genética e cultural não existe. Os atuais grupos judaicos não são geneticamente descendentes dos antigos hebreus, mas sim judeus de conversão, isto é, grupos étnicos de outras regiões do mundo que se converteram ao judaísmo até o século VII E.C, tal como explicam os pesquisadores judeus, Arthur Kostler, no livro “Os Khazares: a 13ª tribo e as origens do judaísmo moderno”, e Shlomo Sand, no livro “A invenção do povo judeu”.

Outra inverdade criada pelo sionismo é que a Palestina era uma terra inabitada e que, portanto, os palestinos não existiam naquela região, e sendo assim, a região seria uma terra sem povo para um povo sem terra. Para desmascarar tamanha mentira, basta lembrar o que afirma o pesquisador judeu Ilan Pappé, na obra intitulada “A limpeza étnica da Palestina”. Segundo Pappé, quando Israel foi fundado em 1948, em cima dos territórios palestinos, ali existiam mais de um milhão de palestinos que professavam a fé cristã, islâmica e também judaica, sendo que mais de 700 mil foram expulsos por forças militares e paramilitares sionistas (Haganá e Irgun).

Além disso, outra mentira contada e repetida mil vez sobre a criação do Estado de Israel, é que o sionismo supostamente se desenvolveu como uma corrente política para garantir a proteção dos judeus contra o antissemitismo, em especial no período do nazismo. De todas as falácias sionistas, quiçá, essa seja a mais vil e sórdida. O sionismo não apenas não se opôs ao avanço do nazifascismo, como também o saudou. Não por outra razão, ao se referir aos sionistas no livro “História Oculta do Sionismo”, o jornalista judeu Raph Schoenman afirma: “Os ideólogos desse movimento se dizem envoltos no sudário coletivo dos 6 milhões de judeus que foram vítimas do assassinato nazista. A cruel e amarga ironia dessa falsa reivindicação reside em que o movimento sionista manteve desde o princípio uma ativa coalização com o nazismo”.

Por fim, a mentira mais contemporânea é sobre a suposta oposição e combate do Estado de Israel contra os chamados grupos terroristas, em especial contra o Hamas. Eis aqui outro engodo. O Hamas, o qual caracterizamos como um partido político com atividades militares e com um programa teocrático, não somente foi estimulado, como financiado pelo Estado de Israel, na década de 1970, com o intuito de enfraquecer a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), organização política laica e mais vigorosa entre os palestinos até o início dos anos de 1990. Tal fato foi literalmente afirmado por ninguém menos que o general israelense Yitzhak Segev, responsável pelas ações militares em Gaza, na década de 1980, e consta no livro do “Arab and Jew: Wounded Spirits in a Promised Land”, do jornalista estadunidense David Karr Shipler.

Como é possível observar, o Estado de Israel e sua corrente política fundante – o sionismo – são grandes produtores e divulgadores de mentiras sobre si e sobre a Palestina. Mas qual o real motivo de tantas falácias em larga escala? O motivo é apenas um: esconder o caráter real do Estado Sionista, isto é, um enclave de caráter colonial, apoiado e mantido pela burguesia imperialista ocidental, no Oriente Médio, um verdadeiro cão de guarda do capital imperialista na região que abriga a matéria-prima que mais impulsionou toda a cadeia produtiva da indústria capitalista do século XX – o petróleo.

O que percebemos, então, é que a Questão Palestina, traz em si uma combinação entre a luta democrática, de caráter anticolonial, e a luta de classes, de caráter anticapitalista, uma vez que o Estado de Israel é, entre outras coisas, a expressão da expansão do capital imperialista a esmagar, explorar e oprimir a imensa classe trabalhadora árabe.

Aqui, portanto, há uma segunda tarefa para aqueles que reivindicam o marxismo: defender a luta democrática do povo palestino mediante um programa socialista.

Os atuais acontecimentos que desembocaram na intensificação dos ataques sionistas contra o povo palestino, também levantaram o sete véus de hipocrisia da esquerda reformista e vacilante, em nível mundial. Alguns se apressaram em condenar o Hamas e a classificá-lo como “grupo terrorista”, tal qual fizeram e fazem os folhetins jornalísticos da imprensa burguesa mundial (CNN, New Times, etc.). Outros, sob a pretensa defesa da unidade entre a classe trabalhadora palestina e a classe trabalhadora israelense, colocaram um sinal de igualdade entre os ataques do Estado de Israel e o movimento de autodefesa do povo palestino, condenando assim os dois lados como se opressor e oprimido fossem iguais, ignorando a ideologia fascista e racista que acompanha o movimento de massas dentro de Israel e que justifica, inclusive, os inúmeros privilégios materiais e políticos dos israelenses perante às massas árabes da região.

De nossa parte, nos colocamos incondicionalmente em defesa do povo palestino, defendemos sem vacilações a libertação da Palestina histórica, sua unidade territorial, isto é, do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo, o direito de retorno dos mais de seis milhões de refugiados e de seus descendentes nascidos forçadamente no exílio, e principalmente, o seu direito inalienável de exercer autodefesa militar para expulsar o invasor colonialista. Aqui, seguramente, os mais desatentos e provocadores nos perguntarão se defendemos o Hamas? A resposta é simples e sem tergiversação. Diante dos inúmeros e brutais ataques do Estado de Israel, o povo palestino, na condição de povo oprimido, dia a dia humilhado, dia a dia sufocado, sem condições básicas como acesso à água, comida e remédios, dia a dia ferido e assassinado aos milhares, tem o direito indiscutível de recorrer às quaisquer formas de resistência, inclusive às tácticas militares do Hamas.

No entanto, nosso programa político, em nada se assemelha ao programa político do Hamas, grupo fundamentalista islâmico e teocrático criado por Israel, como supracitamos anteriormente.

Nesse momento, a tarefa imediata dos revolucionários é se somar a todas e importantes manifestações que tomam o mundo contra o Genocídio em Gaza, tendo inclusive, trabalhadores judeus antissionistas como vanguarda em vários lugares, como em Nova York, Califórnia e Londres. Para além disso, nós, da Aliança Revolucionária dos Trabalhadores, afirmamos que a Palestina deve e tem o direito de destruir o invasor colonialista, ou seja, o Estado de Israel, e em seu lugar edificar um Estado democrático, laico, não-racista, com deveres e direitos iguais para todos, independentemente da origem étnica. Mais do que isso, defendemos que o povo palestino possa extirpar e enterrar todos os entulhos coloniais externos e os entulhos oligárquicos capitalistas internos que juntos possibilitaram o surgimento da aberração que é o Estado Sionista de Israel, tal qual também registrou o querido camarada e poeta palestino Ghassan Kanafani, na obra “A Revolta de 1936-1939 na Palestina.”

Assim reafirmamos:

Defensa incondicional do povo palestino!
Abaixo o Estado Sionista de Israel!
Por uma Palestina Livre, Laica e Socialista! Do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo!

Um comentário em “Gaza – a Auschwitz do Oriente Médio – clama por socorro: todo apoio às manifestações pró-Palestina

  1. Escrito com sangue nos olhos, porém carregado da lucidez que o tema exige.
    Parabéns a ART por lançar luz sobre essa barbárie impetrada pelo sionismo. Que os trabalhadores do mundo exijam o fim desse massacre e condene a burguesia imperialista que possui desde sempre as mãos sujas de sangue.
    Palestina livre do rio ao mar!

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