Nem anexação, nem internacionalização de Gaza: levante em armas da Palestina

Nem anexação, nem internacionalização de Gaza: levante em armas da Palestina
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O genocídio em tempo real que Israel promove contra os palestinos na Faixa de Gaza ganhou mais um grau na escalada da barbárie. A cena triste, deplorável e ao mesmo absolutamente cruel de crianças decapitadas pelos bombardeios sionistas no campo de refugiados de Rafah, não deixa dúvidas a respeito do plano A que o Estado de Israel colocou em ação, ou seja, a aniquilação étnica do povo palestino, seguida da anexação do território de Gaza.

Encabeçadas pelo governo de Benjamin Netanyahu, as ações desse plano são substanciadas pela máxima força militar, pelo avivamento de colonos paramilitares ultra religiosos que impedem a entrada de qualquer carregamento de alimento e remédios para os refugiados, no sul de Gaza, e pelo desprezo absoluto por todas as advertências internacionais, por mais tímidas que essas sejam.

No entanto, o plano de anexação de Gaza, dia após dia, se desgasta pelo custo político no âmbito interno e externo. Por um lado, as mortes de reféns israelenses provocadas pelos próprios bombardeios de Israel, colocaram mais elementos na crise interna que o Governo Netanyahu enfrenta mesmo antes das atuais ações de limpeza étnica que o regime sionista leva a cabo desde outubro de 2023. Por outro lado, além das crescentes manifestações pró-Palestina que tomam o mundo, cuja vanguarda é a juventude universitária estadunidense que ocupa mais de 60 universidades, as energias gastas com o genocídio que Israel pratica na Palestina enfraquecem os países imperialistas ocidentais para enfrentarem outro flanco de conflito – a Guerra na Ucrânia – possibilitando que o avanço dos interesses sino-russo chegue às portas da Europa Ocidental.

É nesse quadrante que a assim chamada comunidade internacional se movimenta para articular um plano alternativo para manter os interesses de Israel e dos EUA sobre o Oriente Médio, mas sem os desgastes internos e externos que advêm do plano de anexação de Gaza. Por isso o plano B do sionismo consiste na destituição do Governo de Benjamin Netanyahu e na antecipação de novas eleições em Israel.

É por esse motivo que nas últimas duas semanas ocorreram diversas ações combinadas no campo diplomático, jurídico e político que visaram enfraquecer o atual governo do Estado sionista. Dentre tais ações destacamos: 1) o pedido de prisão de Benjamin Netanyahu, de seu Ministro de Defesa, Yoav Gallant, bem como de três dirigentes do Hamas, tal pedido foi feito pelo Tribunal Internacional de Justiça e recebeu apoio da França; 2) o reconhecimento do Estado Palestino feito por três membros da União Europeia (Irlanda, Espanha e Noruega); 3) e a ameaça de ruptura da oposição parlamentar israelense com a coalização militar comandada por Netanyahu.

A possível internacionalização de Gaza

Em sua aparência imediata, a articulação para derrotar o carniceiro de Gaza – Benjamin Netanyahu- pode parecer uma ação de solidariedade da dita comunidade internacional ao povo palestino. No entanto, não é necessário muito esforço para compreender que por trás da suposta solidariedade das potências imperialistas ocidentais, em especial das potências europeias, repousa a tentativa de substituir as forças mais boçais e cruentas do sionismo por um grupo político mais sofisticado e supostamente moderado que aceite a proposta de internacionalização militar e administrativa de Gaza, sob orientação de Israel. E é justamente isso o que propõe a oposição sionista encabeçada por Benny Gantz, ex ministro da Defesa e ex chefe do Estado Maior.

Ligado ao partido União Nacional, que conta com grupos socialdemocratas e da esquerda sionista, Benny Gantz apresenta como proposta desarmar toda e qualquer resistência palestina mediante um cerco armado das forças militares de Israel que posteriormente deverão entregar o território de Gaza para uma administração internacional que atuaria em cooperação com o Estado sionista.

É seguro que essa proposição apresentada por Gantz não é feita sem as articulações que a oposição sionista começou a fazer com as grandes potências, em especial com os EUA. Não por acaso, Benny Gantz a apresentou após uma sequência de encontro entre ele e o Governo de Joe Biden, representado por sua vice Kamala Harris. Tanto para os EUA, como para a Europa, em especial para a Alemanha e a França, que juntas tentam fazer frente ao avanço da China sobre o mercado de semicondutores, o plano de internacionalização de Gaza representa o melhor cenário para o desfecho do genocídio na Palestina, pois se concretizada, tal proposta além de possibilitar o acesso direto dessas potências ao gás marítimo de Gaza, matéria prima indispensável para a indústria franco-alemã atualmente dependente do gás natural da Rússia, isso possibilitaria também à OTAN voltar seus esforços bélicos para a Guerra da Ucrânia, onde cada vez mais e de forma silenciosa a Rússia ganha territórios e avança sobre os postos estratégicos do continente europeu.

Pelo apoio total e incondicional à resistência armada na Palestina

Os dois cenários igualmente catastróficos, a anexação ou a internacionalização de Gaza, têm em comum o domínio estrangeiro sobre milenares territórios palestinos, por isso diante dele não há outro caminho que não seja o apoio incondicional ao levante armado do povo palestino, um levante difícil, porém não impossível de ocorrer caso ele se apoie militarmente na enorme simpatia dos povos árabes da região com a Causa Palestina e se ancore politicamente na imensa solidariedade de diversos povos em cada canto do planeta que exigem embargos contra Israel.

Que aos trabalhadores do mundo não restem dúvidas: diante da violência originada pelas ações do Estado de Israel, cuja símbolo é uma pequena criança palestina queimada viva, decapitada e desmembrada por bombas no campo de refugiados de Rafah, não há outro caminho que não seja a autodefesa armada do oprimido. Quando o Estado de Israel se nazifica dia após dia e transforma Gaza em Auschwitz, é direito do povo palestino transformar o Oriente Médio em um novo Levante do Gueto de Varsóvia.  

Pelo direito de autodefesa da Palestina, do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo!

Por uma Palestina Livre, laica, democrática, socialista e pluriétnica, onde os trabalhadores muçulmanos, judeus e cristãos possam viver em paz!

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